São seis e meia da manhã. Uma hora atípica para eu estar acordada. Acordei com uma sensação estranha, um gosto amargo na boca, a respiração pesada e lenta e um peso enorme na região do peito. Como se eu estivesse triste, muito muito triste. Uma vontade grande de chorar, rios e rios de lágrimas.
Na verdade eu não estou realmente triste, não estou reclamando da minha vida nem nada. Comparada a vida de outras tantas mães solteiras por aí, a minha é o paraíso. Meus pais são criaturas realmente incríveis! se tivesse um troféu melhores do ano do faustão com a categoria pais, os meus sem dúvida seriam os favoritos ao título.
A questão é que eu sou grande, tenho um coração enorme, e pra preenchê-lo é preciso muita coisa, não necessariamente muitas pessoas, mas muito sentimento. Em relação a sentimentos familiares estou plenamente satisfeita e saciada. O que me falta um pouco são amigos, mesmo, aqueles companheiros de todo dia, pra se importarem com você e pra não se importarem se você está com um pijama horrível que sua avó lhe deu no natal de 2003.
Eu tenho alguns bons amigos, mas são também atarefados, moram longe ou são rapazes comprometidos e suas namoradas me impedem que eu me sinta realmente a vontade com eles. A questão toda é que era bem mais fácil ter e manter uma amizade na época do colégio. Agora com tempos fragmentados, individualismo, pressão, correria, prazos, pessoas multitarefas e desencontros nem sempre há como se encontrar com os seus. E bom, essa coisa de amizade do dia a dia tem me feito muita falta.
Outra coisa que pode ser um fator gerador de dor é a questão de como as pessoas ao meu redor encaram a maternidade. Aqui em casa, principalmente a minha irmã, é dona de dizer que mãe não pode ir pra centro espírita, mãe não pode ir pra shopping com as amigas, mãe não pode sair até tarde, mãe não pode namorar, mãe não pode ter vida social. Isso é um conflito crítico. Por que eu sempre fui da rua, do mundo. Eu definho ficando em casa, sério mesmo. E eu tenho tentado, desde que o bebê nasceu, conciliar as duas coisas, minha vida de pessoa, ser humano e a de mãe. Mas ao que vejo são dois universos completamente paralelos e um é excludente do outro. Traduzindo: mãe tem é que sofrer mesmo. Aí é que entra a questão que se meu filho tivesse um pai, talvez essa dor e essa cobrança seriam divididos, mas como só sou eu, eu sou A responsável, então, é tudo nas minhas costas mesmo. O pai nunca deixou de sair por causa do bebê. A mãe abdica de quase tudo. Tá justo isso, José?
Além disso tudo, que já não é pouca coisa, eu ainda me sinto só. Muito só. Não é que eu seja uma pessoa dependente de namorado ou coisa assim, mas é que eu acho bom me sentir amada, me sentir mimada, me sentir cuidada, até por que, se não for pelo namorado, vai ser por quem? meus pais aqui em casa nos criaram em um regime que dar carinho e afeto parece demonstrar fraqueza. Eu queria ter uma pessoa pra contar as minhas dores, pra dizer que sou a maior vítima do mundo e ele me entender, me ouvir com atenção. Queria ser a garota mais importante na vida de alguém, e não uma terceira ou quarta opção. Queria também amar, me interessar, queria conhecer alguém que mexesse comigo, que eu achasse o cara mais incrível do mundo e que eu me sentisse a mulher mais sortuda e protegida de todas por ter ele ao meu lado.
qual foi a última vez que eu disse eu te amo? eu nem me lembro mais.
enfim, esse blog é um espaço para eu postar esse tipo de mimimi, até por que, se eu falar disso com alguém, as pessoas ou vão ficar com pena de mim ou vão querer me ver longe. ninguem gosta de ninguem que parece ser fraco ou sensível demais.
embora eu ache que eu nem sou tão assim, me acho até forte, até por que, permanecer nesse planeta aqui, como encarnado, é coisa para os fortes.
2 comentários:
Eu entendo você o suficiente até pra discordar.
eu gostaria de todo o meu ser nao ter lido tanta coisa na qual me encaixasse, afinal, pra mim é bem mais facil achar que eu sou a única estranha no ninho, e essas coisas...
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