segunda-feira, 27 de agosto de 2012

F5

Mais de um ano sem escrever um texto longo sobre frivolidades. Mais de um ano em que só há espaço (e tempo) pra 140 caracteres. É um reflexo do modo como vivemos, rápido, pra agora, sem bases, sem introduções, sem conclusões, a gente vai só desenvolvendo. Acorda, planeja o dia minimamente, vou fazer isso de manhã, isso a tarde e a noite vou ver no que vai dar. Não faço mais planos a médio e longo prazo, só faço planos breves, pra amanhã, semana que vem no máximo. Deus sabe se terei dinheiro pros presentes de Natal. Emprego pode vir amanhã ou só ano que vem. O grande amor da minha vida, to aqui esperando, mas admito que não estou esperando na janela, melhor esperar andando mesmo, o estático me cansa, eu gosto de movimento. A vontade de construir um mundo melhor eu vou fazendo, eu vou lutando, nas pequenas coisas e nas grandes ideias. Um pouco de poesia aqui, uma grande indignação ali, e prestar atenção que a coletividade é bem mais forte que virar uma pensadora solitária e boemia de boteco de esquina.

Gosto de bares, é uma fase da vida que eu tenho gostado muito de mesas de bar. Há uma liberdade, uma sensação de preenchimento, muito melhor que discutir sua vida com seu analista. Não há pudores, não há amarras, são seus amigos, velhos, novos, mas gentes, como você, e isso te dá um sentimento de pertencimento muito bom. Quase como power rangers que juntos podem formar um megazord. (alerta nerd alerda nerd).

Escrevi algumas boas poesias esse ano, embora eu tenha vivido outras também muito bonitas. Fui mãe, com todas as letras, vi Nícolas ser operado, dormi com ele no hospital dois dias e senti na pele o quão grande pode ser uma dor. Dor de amor? fichinha! dor de não ter dinheiro? besteira! dor de cólica? nada! Dor mesmo é ver sua outra alma, saída de dentro de você, sentindo dor e não poder fazer nada. Isso sim é dor.


Algumas coisas não mudaram, ainda sonho muito, ainda luto, ainda faço alguns planos. A utopia não saiu de mim, na verdade, o que sai de mim é só amor que eu vou espalhando por aí.

terça-feira, 21 de junho de 2011

sobre sonhos de pedra.

Ontem, pensando sobre o último post no blog do meu amigo Malcon, cheguei à conclusão que eu sou mesmo uma desacreditada no amor.

Nos meus vinte e poucos anos de idade eu já tive vários relacionamentos, não sou o martinho da vila, mas já tive pessoas, de todas as cores, de várias idades e muitos amores. E cada relacionamento desses me deixou alguns ensinamentos, é claro, a gente sempre aprende muito dividindo o nosso cotidiano com outra pessoa, mas um dia eles acabam, e esse término sempre cria uma espécie de escudo em mim. Alguns relacionamentos, mais intensos e duradouros, deixaram escudos fortes, praticamente de adamantium, outros, leves e efêmeros, deixaram escudos de palha. O que destaco é que todos eles me colocaram um passo a frente na escala do embrutecimento, do egoísmo, do amor próprio.

Não estou aqui fazendo juizo de valor, não cabe a mim julgar se isso é bom ou ruim, estou apenas fazendo uma auto análise (não tenho dinheiro pra pagar um analista) e pensando que um dia eu ja acreditei no amor, já acreditei em passarinhos azuis ao fundo de um beijo de cinema, já acreditei em caixas de chocolate e buquês de rosas, já acreditei em sapatos de cristal e cavalos brancos.

hoje eu acredito em empregos, concursos públicos e na luta diária por uma sociedade mais livre e mais digna.

meus príncipes agora são outros, bem mais reais do que os da realeza de outrora.

terça-feira, 14 de junho de 2011

instantes.

E a vida que corria longe, num instante se fez pó
E a garganta dos risos soltos, num instante deu um nó

E o que antes era claro, num instante se perdeu
o que antes era nós, num instante virou eu

o que eram horizontes, num instanteu virou breu.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

poema do amor bandido.

me abraça, meu abraço, me amasso em você.
me escondo, me encontro, me acabo pra te ver.

me entrego, te espero, me invejo de você.
meu desejo, te despejo, conto o tempo pra te ter.

meu amigo, meu abrigo, meu sentimento mais bandido.
me aumento, me triplico, me enveneno e suicido.

me acordo, me enfeito, me estico de prazer.
meu amante, meu brinquedo, meu excesso de querer.

domingo, 15 de maio de 2011

na luta sempre

Se você vê uma criança na rua, passando fome e frio
Se você vê uma mulher sendo violentada
Se você vê um trabalhador desempregado
Se você vê preconceito de raça, classe e gênero
Se você vê pessoas com transtorno mental serem aprisionadas
Se você vê pessoas clamando por atendimento de saúde
Se você vê injustiça, fome, miséria, falta de oportunidade.
Se você vê direitos não sendo respeitados


Se você vê todas essas coisas e consegue se indignar, já deu o primeiro passo para ser Assistente Social.



Feliz 15 de maio, dia do Assistente Social.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

sobre luzes e sombras

eu era o dia, a luz, o calor
a vida a todo vapor.

você era a noite, fria, calada
vociferando vozes veladas.

mas quando ficamos perto
esquenta, esfria,
evapora e condensa

ja não sei de mais nada
que parte sou eu
que parte é a amada.

misturado, embaraçado
enrrolado e grudado
é meu eu gritando
alto e calado
de amor ao teu lado.

terça-feira, 19 de abril de 2011

notas de um espiral

O que há para além disso? além do que vejo, do que ouço, do que cheiro, do que toco, do que sinto?

O que é que realmente importa? pra que é mesmo que a gente vai vivendo? qual é a lógica? qual é o motor que nos fazer ir em frente? e quando paramos, o motor parou? está com defeito? quem vai consertar? Conserta por ele mesmo.

Desde que lembro, me lembro com perguntas. Uma das raras características que posso atribiuir a mim sem dúvida é a dúvida.

Nunca sei das coisas sabendo de verdade, principalmente quando enveredo pelo campo dos sentimentos. É como uma areia movediça, uma duna da praia, uma piscina de bolinhas. Não dá pra saber, não dá pra ter certeza, não há chão firme. Será a incerteza a graça da coisa? mas se o que buscamos é a segurança, por que será que o que consigo é exatamente o contrário? eu quero segurança, claro que quero, mas, nem sei se quero.

Quero me sentir especial e desafiada. Me sentir desejada e desejar. Quero fazer rir alguem que me faz chorar em segredo. Quero sair e dançar e cantar sem muros, sem amarras, sem medo se vão achar que a música que eu canto é ruim por que uma meia dúzia de fulanos pseudo entendedores de música disseram que ela era ruim.

Música é o que toca a gente, o que mexe com a gente, aquela que dá vontade de chorar, aquela que dá vontade de sorrir, aquela que aquece, a que acalma e a que aferventa.

Talvez eu seja isso, a música. Uma pouco conhecida, quase nunca decifrada, que vai seguindo, tom por tom, nota por nota, algumas vezes parecem várias notas no mesmo segundo, noutras se arrastam como brisa no mar...o que importa é que a música não se prende, não se limita e não deixa de tocar.