quinta-feira, 5 de agosto de 2010

me desmancho em palavras, lágrimas e sentimentos.

O que faz de uma pessoa uma pessoa boa?

O que faz um padeiro um bom padeiro é ele fazer bons pães, certo?
O que faz o faustão ser um bom apresentador é ele sugar sua mente semanalmente por mais de 4 horas seguidas, certo?

Mas o que faz uma boa pessoa?

Eu me sinto puxada por todos os lados. É como se a força da gravidade estivesse me pressionando de várias formas diferentes. São muitas exigências a serem cumpridas e eu nunca tive, e agora tenho muito menos, equilibrio mental suficiente para tentar cumpri-las. Preciso ser uma boa aluna, boa estagiária, boa supervisora, boa pesquisadora, boa espírita, boa amiga, boa irmã, boa filha e boa mãe. Sendo que, só o fato de ser mãe consome 32547... horas do meu dia. Como é que eu acho tempo pra mim? tô perdida no meio disso tudo. Antes eu era a fernanda do movimento estudantil, das lutas, das reinvidicações, dos manifestos, dos protestos, dos duzendos caras correndo atrás, e agora? onde eu estou? praonde foi quem eu era? eu nem me sinto existindo mais. Juro que se não fosse meu filho ou o espiritismo eu não veria sentido de deixar meu sangue continuar correndo pelas minhas veias. As pessoas não entendem as coisas que eu passo, até por que, eu detesto conversar sobre as coisas que eu sinto. Quando converso com alguem sobre mim sinto como se estivessem invandindo minha casa, abrindo a geladeira e bebendo no meu copo.

Não estou reclamando da maternidade. Mas ela me fez deixar muitas coisas de lado, inclusive coisas que me definiam, coisas que eram muito parte de mim, que me sustentavam. Essa semana vou abandonar a supervisão, abandonar a pesquisa e trancar uma das minhas disciplinas. Está me doendo muito, até por que, por conhecer um pouco dos meus transtornos mentais por conta da profissão, sei que ficar em casa só acaba piorando minha doença. De qualquer forma, o blog é, agora, a única "pessoa" com quem eu divido as coisas sobre mim, e se você está lendo isso agora, peço por favor que não saia contando as coisas da minha vida por aí. Isso é só um desabafo, não uma revista de fofocas.

Quanto a ser uma boa pessoa, acredito que o fato de eu ser uma mãe ruim, uma aluna ruim, uma estagiária ruim, uma filha ruim, uma irmã ruim, uma espírita ruim e uma amiga ruim me impossibilita de ser uma pessoa boa.

mas eu tô tentando, pelo bebê, eu ainda tô tentando...

3 comentários:

João disse...

Uau. Vou te poupar do discurso motivacional e tal, mas eu acredito que as pessoas que tentam acabam ganhando algum tipo de recompensa mais cedo ou mais tarde.

May Stéphane disse...

Sempre fui perfeccionista. Porém uma perfeita imperfeição. Sempre querendo ser uma filha boa, de quem os pais pudessem ter orgulho. Vejo que falhei. De uma pessoa com grandes ambições hoje eu me vejo uma quase nada. É como se eu tivesse escolhido a profissão errada, não tivesse amor próprio suficiente para me cuidar, ter passado por dois anos de bulimia e sentir um medo assustador de uma recaída, não ser atraente, sem namorado e provavelmente a futura senhorinha solitária que mora com seus trocentos cachorros. Such a loser! Minha TPM acaba comigo. Surtos depressivos todos os meses. Chego até a sentir falta da fluoxetina. O que me conforta é achar que esse é o fundo do poço, e o única direção restante é para cima.

Marina disse...

não sei se sou uma pessoa boa...